(Texto enviado pelo Representante Beta EQ Wallace Betencurte)
A grande preocupação de boa parte
do mundo sobre o problema da escassez da água potável nos trouxe até os
processos de dessalinização das águas oceânicas. Mesmo com o alto custo da
implementação dessa técnica alguns países acreditaram, investiram e obtiveram
bons resultados. Hoje, devido à melhora e o “barateamento” do processo, temos a
vez do Brasil.
A questão ambiental da falta de
água dos meios fluviais nunca fora tão mencionada como nesse último século. A
real explicação desse tipo problema ou ao menos parte dele, provém das ações de
alguns fenômenos globais que ocorrem no planeta, cuja razão é originária da forma
abusiva de exploração humana dos recursos naturais limitados. Em vista disso, a
ciência de engenhar tem buscado novas soluções, tanto para a pouca disponibilidade
de água de certas regiões, quanto também para a sua falta local.
A dessalinização desse bem é
algumas das vezes um processo alternativo utilizado por países que possuem
poucos recursos hídricos potáveis. Em uma matéria publicada pelo site da Water Tecnology (referência mundial em
notícias e informações sobre os projetos da indústria da água), em 2015, foi
citada como referência nesse tipo de processo a empresa Conversion Corporation
Saline Water (SWCC) da Arábia Saudita, a qual antes mesmo de 2013 já fornecia
cerca de 50% da água municipal em todo o Reino. Disse ainda, que o investimento
é o maior de todo o planeta e consegue atender aproximadamente 70% de todas as
necessidades do país. Em um segundo aperfeiçoamento de produção na usina
dessalinizadora de Shoaiba, chegou-se a obter cerca de 150 milhões de m³/ ano,
com um custo de projeto no total de 1,06 bilhões de dólares. Os investimentos
árabe-sauditas nessa área não pararam por aí, com o aumento populacional
esperado até 2020, a companhia SWCC juntamente com os representantes
governamentais, já planejaram novas metas para aumento da produção.
Nos EUA, a companhia de El Paso,
situada no Texas, também é uma referência mundial no processamento da
dessalinização de água do mar. Ela é conhecida como a maior usina do mundo e
possui a capacidade de produzir cerca de 27,5 milhões de galões de água por
dia, o equivalente à quase 104 milhões de litros diários, os quais abastecem não
somente uma região, mas também outros lugares onde a quantidade hídrica de rios
e lagos estão cada vez mais escassas.
Existem vários outros exemplos no
mundo os quais obtiveram sucesso na utilização dessa técnica, fato o qual
demonstra que esse caminho é um bom negócio. No Brasil isso também tem sido uma
realidade, em junho de 2011 a revista PEGN (Pequenas Empresas & Grandes
Negócios), divulgou em uma de suas matérias o excelente resultado apresentado
pela empresa Aquamare, da cidade de Bertioga-SP, ao tornar potável a água do
mar para consumo. Depois de anos de pesquisa e trabalho, a empresa hoje já
colhe seus frutos, além de estar presente no mercado nacional, uma vez aprovada
pela ANVISA e testada por laboratórios de pesquisa da USP e UNIP, ela também
faz negócios com EUA e com alguns países da Europa.
A dessalinização de águas
marinhas brasileiras também tem sido interessante para outros fins, o processo
de irrigação de plantações, o qual usufrui da maior quantidade hídrica potável
de todo o território nacional, também já buscou esse recurso. Embora a veemente
cautela sobre os resíduos gerados no tratamento tenha retardado o uso da
técnica, a busca pelo melhoramento não se abalou. Em um artigo científico
publicado pela revista Caatinga em 2011, obteve-se a informação de que a
produção de mudas de essências florestais foi uma boa opção para a utilização
da água de rejeito da dessalinização. Nesse trabalho, não houve riscos de contaminação
do solo e de mananciais de água doce.
A ideia tem sido boa e
aparentemente responsável, em todas as referenciadas matérias, apontou-se para
a conveniência ecológica. Por exemplo, a empresa de Bertioga ressaltou que o
sal retirado do processo é devolvido ao oceano em diferentes regiões, para que
não hajam alterações (pH e etc...) em nenhum ecossistema marinho e ainda, é dito que
metade da água utilizada no processo é devolvida ao oceano verde e
amarelo.
Felizmente há motivações as quais
sempre se renovam. Em março desse mesmo ano, o site Inovação Tecnológica, citou
uma pesquisa que foi desenvolvida na Escola Politécnica da USP, onde o aluno
cabo-verdiano, Juvenal Rocha Dias, desenvolveu/dimensionou um filtro
dessalinizador movido por energia renováveis (eólica e gravitacional). Outro
fato bem legal mencionado foi que, além dessa tecnologia pode vir a se tornar
mais um meio de transformação de águas salinas, ela também possui o
potencial para ser uma alternativa no problema da despoluição de rios e
riachos, o que torna os seus estudos e experimentos mais interessantes do que
se pensava.
A expansão do processo de
dessalinização com certeza gerará mais pesquisas e empregos em diversos ramos
da engenharia, em especial a química cujo conhecimento nessa área processual é
maior. Os otimistas acreditam que com calma esse recurso possa vir a se tornar
parte da solução da falta de água global e nacional. É obvio que devemos
continuar a nos conscientizar em relação à preservação desses meios naturais.
Entretanto, a dessalinização veio para ficar e quem sabe com muito trabalho e
responsabilidade, da um bom descanso aos nossos rios, lagos e as demais fontes
hidrosféricas de água doce.
Bibliografia:
Nenhum comentário:
Postar um comentário